segunda-feira, 19 de novembro de 2007

"Os computadores vão todos sumir"



foto: diário catarinense

É o que diz o cientista Jean Paul Jacob (foto). Ele defende que os robôs não vão dominar, porque máquinas não têm capacidade de interpretar o sentimento contido em palavras.

Conhecido por suas previsões sobre como a tecnologia irá impactar nossas vidas nas próximas décadas, Jean Paul Jacob é tão instigante quanto o futuro que antevê. Apesar do nome afrancesado e de viver nos Estados Unidos há mais de quatro décadas, trata-se de um paulista de 71 anos que não usa celular, ignora a maioria dos e-mails que recebe e tem um avatar (personagem tridimensional na internet) que é até prefeito de uma ilha virtual no Second Life.

Engenheiro eletrônico formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica, com doutorado duplo em ciências e matemática, Jacob é cientista emérito do Centro de Pesquisas da IBM em Almaden, no Vale do Silício, o principal pólo tecnológico do mundo, e professor da Universidade da Califórnia, em Berkeley (EUA). Na década de 1980, o pesquisador já anunciava o fim do vinil. Agora, prevê o fim dos PCs e do que chama de "tinta sobre árvore morta", os livros.
Ele esbanja críticas à cultura do celular, que faz as pessoas pararem o que estão fazendo para atender ao telefone, e defendeu que as tecnologias devem se adaptar ao ser humano, não o contrário.


- Quanto mais bugigangas tecnológicas as pessoas tiverem, mais ficarão escravas da tecnologia - disse.


A seguir, confira algumas de suas idéias sobre o futuro:

TECNOLOGIA DO FUTURO

- O ser humano tem uma mente que funciona tridimensionalmente. A internet em 3D é a tecnologia do futuro. O resto não sabemos. O que vai acontecer quando tivermos a capacidade de processamento do cérebro no bolso (por exemplo, em aparelhos do tamanho de uma caixa de fósforo)? Tem muita gente que acha que os robôs vão nos dominar. Mas acho insolúvel o problema do reconhecimento da fala, porque dois seres humanos sempre entenderão diferentemente o que foi dito. Cada um interpreta as palavras de um jeito, e elas evocam sentimentos diferentes. A ambigüidade do ser humano é bonita. Ninguém nunca fará um sistema que possa conversar com você. O computador não nos entenderá.

FIM DO PC

- Computadores vão todos sumir. Tudo vira computação. Um carro tem mais poder computacional do que um desses laptops modernos. Hoje, existem vários lugares onde há mais objetos conectados à internet do que pessoas. A previsão é que, dentro de 10 anos, tenhamos 1 trilhão de usuários de internet. Nós só somos 6,5 bilhões de pessoas no mundo. Todos os que estão faltando aí serão objetos. Nos Estados Unidos, sensores ligados à internet (como os usados nos carros para passar em sistemas de pedágio, entre outros) já ultrapassam o número de usuários humanos.

INTERAÇÃO COM O USUÁRIO

- A nossa comunicação com a internet não será mais feita por teclado e computadores convencionais. Quando isso vai acontecer depende da cultura. Os jovens interagem muito por telefone. Qualquer coisa que tenha informação, uma caneta, pode ser projetada numa parede. Ou seja, os portáteis certamente serão o futuro do que chamamos de computação ubíqua (em todos os lugares). Vamos interagir de várias maneiras. Não preciso nem tocar na tela. Pode-se projetar sob uma mesa um teclado virtual e usá-lo. É o que se chama de touch typing. Computadores com pequenas câmeras podem olhar nossas expressões faciais, interpretar o que queremos de acordo com o que estamos olhando na tela.

BROWSER COMO AVATAR

- Mundos virtuais são o futuro da internet. O browser (navegador de web) vira o avatar (personagem tridimensional na web), que vai buscar as coisas. Hoje, o que o browser faz por você é procurar sites e requisitá-los. Então o avatar vai e olha. Os avatares são construídos pelos usuários. Isso soa como a Wikipédia (enciclopédia online colaborativa), porque ela é construída por nós. Hoje, o Second Life é uma Wikipédia gráfica.

ESVAZIAMENTO DO SECOND LIFE

- O Second Life foi um pioneiro, mostrou uma possibilidade de tecnologia, desinibiu as pessoas para uma fase inovadora. Muitos concorrentes estão surgindo. Quem vai vencer é muito difícil prever. Isso de hype (exagero) é só para quem entra (no Second Life) e não tem a curiosidade de ver a riqueza de opções que o mundo virtual oferece. Não posso viajar muito e visito novos locais pelo Second Life. Posso passear pela Porto Alegre virtual porque não vou ter tempo de visitar a Porto Alegre real.

E-BOOKS

- Os livros são caros. Seria ideal lançar um livro eletrônico. Comprar só um livro na vida e baixar da internet o conteúdo. Mas isso não pega porque as gerações atuais estão acostumadas como o sistema atual. Não estão preparadas e não vão gostar de ler (no e-book). Por isso, não falo mais do fim do livro, porque as pessoas vão me odiar. A experiência (em que previu o fim) do vinil foi traumática. Hoje, existem nos Estados Unidos bandas que tocam na internet. Se você gostou, pode mandar o quanto quiser. A cultura diferencia o uso e o desenvolvimento de tecnologia.

fonte: diário catarinense

Na verdade o PC vai estar em tudo, de outro jeito e como Jean mesmo disse: não terá a capacidade de interpretar o sentimento humano contido em palavras!