quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Mundo Grande


fotos: Christiane Teixeira - retratos da ilha de Santa Catarina

Aqui termino minhas postagens do mês de novembro. Pois agora vou vivenciar o outro lado da comunicação, que é reunir-me com pessoas, acrescentar conhecimento a minha vida através de conversas "olho no olho", sim, aquela que telefone algum pode substituir. Sigo expondo as minhas observações da vida e trocando figurinhas, desligando um pouco do mundo internético, que gosto muito, mas não posso deixar a minha essência de jeito nenhum.
O que é isso?
Simples como um almoço em família num domingo ensolarado.
O Mundo é grande, já dizia o poeta Carlos Drummond de Andrade.
E é preciso muitas antenas para captá-lo.
E muito amor para incansavelmente distribuir!

Mundo grande
Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito,
por isso freqüento os jornais,
me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos.
Sim, meu coração é muito pequeno.
Só agora vejo que nele não cabem os homens.
Os homens estão cá fora, estão na rua.
A rua é enorme.
Maior, muito maior do que eu esperava.
Mas também a rua não cabe todos os homens.
A rua é menor que o mundo.
O mundo é grande.
Tu sabes como é grande o mundo.
Conheces os navios que levam petróleo e livros, carne e algodão.
Viste as diferentes cores dos homens,
as diferentes dores dos homens,
sabes como é difícil sofrer tudo isso,
amontoar tudo isso num só peito de homem... sem que ele estale.
Fecha os olhos e esquece.
Escuta a água nos vidros,
tão calma, não anuncia nada.
Entretanto escorre nas mãos,
tão calma! Vai inundando tudo...
Renascerão as cidades submersas?
Os homens submersos – voltarão?
Meu coração não sabe.
Estúpido, ridículo e frágil é meu coração.
Só agora descubro
como é triste ignorar certas coisas.
(Na solidão de indivíduo
desaprendi a linguagem
com que homens se comunicam.)
Outrora escutei os anjos,
as sonatas, os poemas, as confissões patéticas.
Nunca escutei voz de gente.
Em verdade sou muito pobre.

Outrora viajei países imaginários,
fáceis de habitar,
ilhas sem problemas, não obstante exaustivas e convocando ao suicídio.

Meus amigos foram às ilhas.
Ilhas perdem o homem.
Entretanto alguns se salvaram e
trouxeram a notícia
de que o mundo, o grande mundo está crescendo todos os dias,
entre o fogo e o amor.
Então, meu coração também pode crescer.
Entre o amor e o fogo,
entre a vida e o fogo,
meu coração cresce dez metros e explode.
– Ó vida futura! Nós te criaremos.

Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Zumbi dos Palmares - Símbolo da Resistência



Hoje, dia 20 de novembro, no Brasil é celebrado como Dia da Consciência Negra. O dia tem um significado especial para os negros brasileiros, que reverenciam Zumbi como o herói que lutou pela liberdade e como um símbolo de liberdade.

Ele entrou para a história como o último líder do maior foco de resistência negra à escravidão no brasil, no século 17.

Mas a história ainda precisa ser melhor difundida, compreendida e comemorada.

Fica aqui minha singela homenagem a esse líder negro de todas as raças!



Bandeira do Brasil - Uma bela história

Bandeira do Império desenhada por Jean-Baptiste Debret e que inspirou a Bandeira Nacional.

Ontem, 19 de novembro foi o Dia da Bandeira do Brasil. Viva o Verde, Amarelo, Azul e Branco!
Sim, viva mesmo essa Bandeira que aprendi a gostar desde criança. Essa que me faz emocionar quando a vejo tremulando hasteada ou representada a cada conquista mundo afora. Mas infelizmente a maioria dos brasileiros só lembra dela a cada quatro anos... Com tanta história, o único país que possui uma "certidão de nascimento" na carta de Caminha em um ano tão significativo como 1500, merece mais reconhecimento.

Hans Donner discorreu em sua bela palestra na Assembléia Legislativa de Santa Catarina sua opinião sobre a Bandeira Nacional, dizendo que do ponto de vista do design ela está errada em sua concepção, já que a linha com as palavras Ordem e Progresso está em declínio. “No design, o conceito de positivo é sempre da esquerda para a direita e apontando para cima. O símbolo da Pátria está com defeito de design e nosso “progresso” está despencando”.
Na sua sugestão da bandeira, o designer trocou o círculo por um coração e incluiu a palavra amor, ficando “Amor, Ordem e Progresso”. A nova bandeira foi estampada em camisetas e já se tornou pano de fundo de shows no país. Conforme o palestrante é preciso ter muito amor pela pátria. “Cheguei, amei e valorizei o Brasil, este país maravilhoso que me acolheu. Tenho a obrigação de dizer que viver aqui é um paraíso”.


Fiquei com esse assunto na cabeça, imaginando como seria nossa relação com esse importante símbolo Nacional se ela fosse diferente. Em pleno Dia da Bandeira resolvi pesquisar mais o assunto e descobri uma série de informações que desconhecia, histórias e dados que não aprendi nos bancos escolares e que compartilho aqui, em especial com o Hans Donner.




"A PÁTRIA" famoso quadro de Pedro Paulo Bruno, onde mostra a confecção da primeira Bandeira Nacional bordada pela Sra. Flora Simas de Carvalho, em pano de algodão.

A bandeira do Brasil foi adotada em 19 de Novembro de 1889 e segundo recomenda o decreto de lei nº 4 tem por base um retângulo verde com proporções de 07:10 e inscrito a ele um losango amarelo que inscreve um círculo azul atravessado por um dístico branco com as palavras "ORDEM E PROGRESSO" escrito em letras verdes, assim como 27 estrelas de cor branca.

A Bandeira do Brasil tem muita história e mais ciência na sua criação do que a simples explicação das cores das nossas matas, amarelo de nossas riquezas e o positivismo nos dizeres "Ordem e Progresso". A construção dessa Bandeira tem concepção científica e foi baseada inicialmente no céu de 15 de novembro de 1989 (a formação das estrelas siderais a 30 minutos desse dia no Rio de Janeiro).

Os dizeres "Ordem e Progresso" na faixa branca é sempre escrita em verde e a frase de concepção foi baseada no lema positivista do francês Auguste Comte: O Amor por princípio, a Ordem por base e o Progresso por fim.

Curiosidades da nossa Bandeira:

Uma particularidade da bandeira do Brasil é que as duas faces devem ser exatamente iguais, com a faixa branca inclinada da esquerda para a direita (do observador que olha a faixa de frente), sendo vedado fazer uma face como avesso da outra. Isso se deve a posição rebatida das estrelas desenhadas no círculo azul, que retratam a imagem rebatida do Universo conforme seria visto por uma pessoa localizada além da última esfera armilar.
Em outras palavras, a faixa branca acompanha o azimute de zero grau estelar do observador localizado na cidade do Rio de Janeiro. Ou seja, a faixa declina da esquerda para a direita por estar o observador posicionado no hemisfério sul, considerando-se a inclinação do planeta terra.

No meio a inúmeras nações austrais (possuidoras de bandeiras com Cruzeiro do Sul), o Brasil é o único país preocupado com a exatidão das horas que diz respeito a posição das estrelas inseridas sobre a esfera azul.
Sendo assim, a posição da faixa branca, assim como a posição das estrelas seguem a leitura do céu na data do seu nascimento, ou seja, a própria Bandeira carrega em si sua sideral data de nascimento.


As Estrelas:

Cada estrela de nossa Bandeira representa um dos estados do nosso país.
A estrela Spica situada acima da faixa branca representa o estado do Pará, que em 1889 era o Estado com maior território acima da linha do equador (Amapá e Roraima eram territórios federais até 1988). O Distrito Federal, ao contrário do que muitos acreditam, não é representado por essa estrela, mas sim pela estrela sigma do Octante, também chamada de Polaris Australis ou Estrela Polar do Sul, por situar-se no Pólo Sul celestial (em contrapartida a Polaris, situada no Pólo Norte celestial). Apesar de ser pouco brilhante e estar próxima ao limite de visualização a olho nu, essa estrela tem uma posição única no céu do hemisfério sul, pois é em torno dela que todas as estrelas visíveis giram. Além disso, Polaris Australis sempre está acima da linha do horizonte e pode ser vista em qualquer dia e em qualquer horário de quase todos os lugares abaixo da linha do Equador.

O Hino à Bandeira:

A letra é linda, poética e retrata as maravilhas do Brasil. Foi escrita por Olavo Bilac (1865-1918) com música de Francisco Braga (1868-1945) e apresentada pela primeira vez em 15 de agosto de 1906 segundo o livro Bandeira e Hinos de Gustavo Adolpho Bailly - 1942.

Salve, lindo pendão da esperança,

Salve, símbolo augusto da paz!
Tua nobre presença à lembrança
A grandeza da Pátria nos traz.
Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!
Em teu seio formoso retratas
Este céu de puríssimo azul,
A verdura sem par destas matas,
E o esplendor do Cruzeiro do Sul.
Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!


Contemplando o teu vulto sagrado,
Compreendemos o nosso dever;
E o Brasil, por seus filhos amados,
Poderoso e feliz há de ser.
Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!
Sobre a imensa Nação Brasileira,
Nos momentos de festa ou de dor,
Paira sempre, sagrada bandeira,
Pavilhão da Justiça e do Amor!
Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!



* Para saber mais sobre a palestra do Hans Donner no Programa Brasil em Debate na ALESC, acesse o blog da RPPN Rio das Lontras:


fonte pesquisada e fotos: web

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

"Os computadores vão todos sumir"



foto: diário catarinense

É o que diz o cientista Jean Paul Jacob (foto). Ele defende que os robôs não vão dominar, porque máquinas não têm capacidade de interpretar o sentimento contido em palavras.

Conhecido por suas previsões sobre como a tecnologia irá impactar nossas vidas nas próximas décadas, Jean Paul Jacob é tão instigante quanto o futuro que antevê. Apesar do nome afrancesado e de viver nos Estados Unidos há mais de quatro décadas, trata-se de um paulista de 71 anos que não usa celular, ignora a maioria dos e-mails que recebe e tem um avatar (personagem tridimensional na internet) que é até prefeito de uma ilha virtual no Second Life.

Engenheiro eletrônico formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica, com doutorado duplo em ciências e matemática, Jacob é cientista emérito do Centro de Pesquisas da IBM em Almaden, no Vale do Silício, o principal pólo tecnológico do mundo, e professor da Universidade da Califórnia, em Berkeley (EUA). Na década de 1980, o pesquisador já anunciava o fim do vinil. Agora, prevê o fim dos PCs e do que chama de "tinta sobre árvore morta", os livros.
Ele esbanja críticas à cultura do celular, que faz as pessoas pararem o que estão fazendo para atender ao telefone, e defendeu que as tecnologias devem se adaptar ao ser humano, não o contrário.


- Quanto mais bugigangas tecnológicas as pessoas tiverem, mais ficarão escravas da tecnologia - disse.


A seguir, confira algumas de suas idéias sobre o futuro:

TECNOLOGIA DO FUTURO

- O ser humano tem uma mente que funciona tridimensionalmente. A internet em 3D é a tecnologia do futuro. O resto não sabemos. O que vai acontecer quando tivermos a capacidade de processamento do cérebro no bolso (por exemplo, em aparelhos do tamanho de uma caixa de fósforo)? Tem muita gente que acha que os robôs vão nos dominar. Mas acho insolúvel o problema do reconhecimento da fala, porque dois seres humanos sempre entenderão diferentemente o que foi dito. Cada um interpreta as palavras de um jeito, e elas evocam sentimentos diferentes. A ambigüidade do ser humano é bonita. Ninguém nunca fará um sistema que possa conversar com você. O computador não nos entenderá.

FIM DO PC

- Computadores vão todos sumir. Tudo vira computação. Um carro tem mais poder computacional do que um desses laptops modernos. Hoje, existem vários lugares onde há mais objetos conectados à internet do que pessoas. A previsão é que, dentro de 10 anos, tenhamos 1 trilhão de usuários de internet. Nós só somos 6,5 bilhões de pessoas no mundo. Todos os que estão faltando aí serão objetos. Nos Estados Unidos, sensores ligados à internet (como os usados nos carros para passar em sistemas de pedágio, entre outros) já ultrapassam o número de usuários humanos.

INTERAÇÃO COM O USUÁRIO

- A nossa comunicação com a internet não será mais feita por teclado e computadores convencionais. Quando isso vai acontecer depende da cultura. Os jovens interagem muito por telefone. Qualquer coisa que tenha informação, uma caneta, pode ser projetada numa parede. Ou seja, os portáteis certamente serão o futuro do que chamamos de computação ubíqua (em todos os lugares). Vamos interagir de várias maneiras. Não preciso nem tocar na tela. Pode-se projetar sob uma mesa um teclado virtual e usá-lo. É o que se chama de touch typing. Computadores com pequenas câmeras podem olhar nossas expressões faciais, interpretar o que queremos de acordo com o que estamos olhando na tela.

BROWSER COMO AVATAR

- Mundos virtuais são o futuro da internet. O browser (navegador de web) vira o avatar (personagem tridimensional na web), que vai buscar as coisas. Hoje, o que o browser faz por você é procurar sites e requisitá-los. Então o avatar vai e olha. Os avatares são construídos pelos usuários. Isso soa como a Wikipédia (enciclopédia online colaborativa), porque ela é construída por nós. Hoje, o Second Life é uma Wikipédia gráfica.

ESVAZIAMENTO DO SECOND LIFE

- O Second Life foi um pioneiro, mostrou uma possibilidade de tecnologia, desinibiu as pessoas para uma fase inovadora. Muitos concorrentes estão surgindo. Quem vai vencer é muito difícil prever. Isso de hype (exagero) é só para quem entra (no Second Life) e não tem a curiosidade de ver a riqueza de opções que o mundo virtual oferece. Não posso viajar muito e visito novos locais pelo Second Life. Posso passear pela Porto Alegre virtual porque não vou ter tempo de visitar a Porto Alegre real.

E-BOOKS

- Os livros são caros. Seria ideal lançar um livro eletrônico. Comprar só um livro na vida e baixar da internet o conteúdo. Mas isso não pega porque as gerações atuais estão acostumadas como o sistema atual. Não estão preparadas e não vão gostar de ler (no e-book). Por isso, não falo mais do fim do livro, porque as pessoas vão me odiar. A experiência (em que previu o fim) do vinil foi traumática. Hoje, existem nos Estados Unidos bandas que tocam na internet. Se você gostou, pode mandar o quanto quiser. A cultura diferencia o uso e o desenvolvimento de tecnologia.

fonte: diário catarinense

Na verdade o PC vai estar em tudo, de outro jeito e como Jean mesmo disse: não terá a capacidade de interpretar o sentimento humano contido em palavras!

sábado, 17 de novembro de 2007

1001 maneiras de ajudar o meio ambiente



O livro 1001 Maneiras de Salvar o Planeta, de Joanna Yarrow, relata as mais variadas sugestões para quem se preocupa com o meio ambiente. Algumas ideias são simples e podemos por em prática apenas modificando nossos hábitos. Outras ideias são a longo prazo, o que não deixa de ser uma sugestão que também modifica nosso hábito de pensar apenas no "aqui e agora".
O livro discute também questões ambientais essenciais, como as alterações do clima, os alimentos geneticamente modificados (transgênicos) e as fontes renováveis de energia. Joanna Yarrow é apresentadora do programa Outrageous Wasters (Desperdícios Ultrajantes), da BBC. Joanna é uma eco-especialista e uma personalidade da mídia que fornece aconselhamento ambiental para programas de TV, inclusive "Tonight with Trevor McDonald", "GMTV" e "The Sunday Surgery" na Rádio 1. Também é diretora da consultoria ambiental Beyond Green (Além do Verde). "A natureza parecia tão forte, o planeta parecia tão grande e os cientistas pareciam tão inteligentes que era difícil imaginar que nosso estilo de vida pudesse afetar a teia da vida de forma significativa", diz Joanna, em prefácio da publicação.

Abaixo, 10 dicas da autora para você começar agora a contribuir para o meio ambiente:

1 Compense a emissão de CO2 de suas viagens aéreas

Em breve a aviação poderá responder por 15% da emissão de gases estufa. Por que não diminuir seu custo ambiental? Há companhias especializadas em calcular a proporção de um único assento na emissão de gases de um vôo e neutralizá-la com a compra de créditos de carbono, que são investidos em medidas compensatórias, como plantar árvores. A tonelada e meia de CO2 emitida por um passageiro num vôo entre Londres e Nova York gera um crédito de 15 dólares.

2 Informe

Se você vir qualquer indício de poluição, desde lixo jogado no parque até espuma na superfície dos rios, informe as autoridades locais e o Ibama. Talvez alguém já tenha notificado o problema, mas é melhor pecar por excesso do que por omissão.

3 Gramados luxuriantes

A grama alta retém mais umidade. Por isso, durante o verão, deixe o gramado crescer pelo menos quatro centímetros. Essa providência evitará a aparição de trechos ressecados e diminuirá a necessidade de rega.

4 Compre madeira reflorestada

Os móveis precisam ser de madeira de lei, proveniente de árvores que demoram a crescer, ou podem ser fabricados com espécies que crescem mais depressa, como o pinho e o eucalipto, e que portanto podem ser reflorestadas.

5 Água multiuso

Aproveite a água usada na limpeza matinal do filtro para regar as plantas dos vasos de casa.

6 Deixe a barba no fim de semana

Economize água, espuma e bálsamo deixando de se barbear no fim de semana. Se a sua parceira reclamar, lembre a ela que está em jogo uma causa maior.

7 Não espezinhe a natureza

Prefira tapetes de fibras naturais - como o sisal, o coco e a juta - aos de fibras sintéticas.

8 Proteja as aves exóticas

Papagaios, araras e outras aves vivem melhor em seu ambiente natural do que em gaiolas. Se você não comprar esses animais, estará ajudando a sufocar seu tráfico. Use esse dinheiro para passar as férias em uma reserva florestal, sem se esquecer de separar o suficiente para os créditos de carbono. Na reserva, você verá os pássaros soltos, e o seu dinheiro sustentará as comunidades locais, que lutam pela preservação da natureza.

9 Viva o bicarbonato de sódio

Esqueça os produtos de limpeza modernos: além de caros, eles evitam o contato com alguns germes que mantêm nosso sistema de defesa funcionando. Use bicarbonato de sódio, que é muito barato. Ele é bom para limpar tudo e tem ação fungicida.

10 Acorde com o aroma do café

Fuja dos desodorizadores de ambiente e faça sachês com ingredientes naturais, como pão fresco e grãos de café.
Seguindo essas dicas você pode viver melhor e de maneira Sustentável!

fonte pesquisada: folha on line

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Sustentabilidade é o Futuro

Nesse vídeo, Eduardo Giannetti acena os principais tópicos que envolvem o termo "Sustentabilidade" no Brasil e no mundo.

Eduardo Giannetti da Fonseca é um economista brasileiro, formado na FEA/USP e em Ciências Sociais pela FFLCH/USP.É PhD em Economia pela Universidade de Cambridge (Inglaterra), onde foi professor de 1984 a 1987. Entre 1988 e 2000 lecionou na FEA/USP, e hoje é professor Tempo integral do Ibmec São Paulo e membro do Conselho Superior de Economia da FIESP.
É autor de diversos livros e artigos, e ganhador dois prêmios Jabuti, em 1994 com o livro Vícios privados, benefícios públicos? (Cia. das Letras, 1993) e em 1995 com o livro: As partes & o todo (Sisciliano, 1995).
Outros livros escritos por Giannetti são:
Beliefs in action (Cambridge University Press, 1991) Auto-engano (Cia. das Letras, 1997) Felicidade (Cia. das Letras, 2002) O Valor do Amanhã (Cia. da Letras, 2005)

fonte: web

Protesto "Salve as Baleias" na Austrália


Um desenho humano de 2.000 pessoas na Austrália forma o desenho de uma baleia. O objetivo do protesto é mostrar ao Mundo mais uma vez a gravidade da prática do programa de caça às baleias pelos japoneses.
A campanha Save The Whales Again (Salve as Baleias Novamente) organizou um protesto na praia Bondi, na Austrália, nesta sexta-feira contra a caça de baleias praticada por japoneses.
Cerca de 2 mil pessoas formaram o desenho de uma baleia na areia da praia, acompanhado da palavra "Salve" em inglês.
A caça de baleias pelos japoneses gera bastante polêmica entre os grupos favoráveis e contrários à prática.
O Japão afirma que seu programa de caça de baleias tem apenas fins científicos, mas vários governos, como os da Austrália, da Nova Zelândia e dos Estados Unidos, criticam a atividade e argumentam que ela incentiva a caça com fins comerciais.
fonte: BBC

Cinema e Ciência


Você sabia que não há barulho no espaço? Pois é, geralmente o cinema propõe exatamente uma trilha sonora capaz de fazer-nos pensar o contrário. O livro Micro-Macro 2 de Marcelo Gleiser reúne artigos publicados no caderno Mais! da Folha de S. Paulo e explica o tema de forma didática para quem entende e também para quem não entende nada de ciência.
Abaixo um interessante texto do autor sobre o assunto:

Ciência e Hollywood
Marcelo Gleiser
colunista da Folha

Infelizmente é verdade: explosões não fazem barulho algum no espaço. Não me lembro de um só filme que tenha retratado isso direito. (Pode ser que existam alguns, mas se existirem não fizeram muito sucesso.) Sempre vemos explosões gigantescas, estrondos fantásticos. Para existir ruído é necessário um meio material que transporte as perturbações que chamamos de ondas sonoras. Na ausência de atmosfera, ou água, ou outro meio, as perturbações não têm onde se propagar. Para um produtor de cinema, a questão não passa pela ciência. Pelo menos não como prioridade. Seu interesse é tornar o filme emocionante, e explosões têm justamente este papel: roubar o som de uma grande espaçonave explodindo torna a cena bem sem graça.
Recentemente, o debate sobre as liberdades científicas tomadas pelo cinema tem aquecido. O filme "O Dia Depois de Amanhã" e seu cenário de uma Idade do Gelo ocorrendo em uma semana em vez de décadas ou, melhor ainda, centenas de anos, levantaram as sobrancelhas de cientistas mais rígidos, que vêem as distorções com desdém, e esbugalharam os olhos dos espectadores que pouco ligam se a ciência está certa ou errada. Afinal, cinema é diversão.

Tudo começou em 1902, quando o francês Georges Méliès dirigiu o curta "Uma Viagem à Lua". No filme, seis aventureiros chegam até a Lua em uma cápsula disparada por um canhão. Após sua chegada, os tripulantes são raptados por habitantes lunares com intenções nada amistosas. Os heróis escapam, empurram a espaçonave da beira da Lua de modo que ela caia sobre a Terra, bem sobre o oceano Atlântico. Tudo no filme está errado, claro. A aceleração de um tiro de canhão potente o suficiente para levar pessoas até a Lua as mataria quase que imediatamente. Cair da Lua é impossível. Desconto a questão dos habitantes lunares, pois na época isso não era sabido. Esse filme, o primeiro de uma nobre linhagem indo até "O Dia Depois de Amanhã", exagera, inventa ciência para criar um enredo emocionante. A questão então é o que devem fazer os cientistas a respeito, se é que devem fazer algo. Cabe a eles tentar "consertar" a ciência dos filmes, escrevendo cartas e artigos sobre o assunto? Será que faz sentido criticar a indústria cinematográfica pelos erros crassos?

Até recentemente, eu defendia a posição mais rígida, que filmes devem tentar ao máximo ser fiéis à ciência que retratam. Claro, isso sempre é bom. Mas não acredito mais que seja absolutamente necessário. Existe uma diferença crucial entre um filme comercial e um documentário científico. Documentários devem retratar fielmente a ciência, educando e divertindo a população. Filmes não têm um compromisso pedagógico. As pessoas não vão ao cinema para serem educadas, ao menos como via de regra. Claro, filmes históricos ou mesmo aqueles fiéis à ciência têm enorme valor cultural. Outros educam as emoções por meio da ficção. Mas se existirem exageros, eles não devem ser criticados como tal. Fantasmas não existem, mas filmes de terror, sim. Pode-se argumentar que, no caso de filmes que versam sobre temas científicos, as pessoas vão ao cinema esperando uma ciência crível. Isso pode ser verdade, mas elas não deveriam basear suas conclusões no que diz o filme. No mínimo, cinema pode servir como mecanismo de alerta para questões científicas importantes: o aquecimento global, a inteligência artificial, a engenharia genética, as guerras nucleares, os riscos espaciais como cometas ou asteróides. Mas o conteúdo não deve ser levado ao pé da letra. A arte distorce para persuadir. E o cinema, com efeitos especiais espetaculares, distorce com enorme facilidade e poder de persuasão.

O que os cientistas podem fazer, e isso está virando moda nas universidades americanas, é usar filmes para educar seus alunos sobre o que é cientificamente correto e o que é absurdo.

Ou seja, usar o cinema como ferramenta pedagógica. Os alunos certamente prestarão muito mais atenção e será possível educar a população para que, no futuro, um número cada vez maior de pessoas possa discernir o real do imaginário.

Marcelo Gleiser é professor de física teórica do Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro "O Fim da Terra e do Céu"

Guaxinins


A natureza encanta e inspira.
Aqui um retrato de um morador de nossas florestas - o guaxinim.
Pintado pelo cartunista catarinense Alexandre Beck.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Mulheres e a evolução do rebolado.

Que significa esse rebolado?

Quando uma mulher anda pelas ruas rebolando demais, ela provavelmente não está ovulando. A conclusão é de uma equipe de cientistas que pesquisa os sinais sexuais emitidos pelas mulheres aos homens, e foi publicada na revista "NewScientist".

Uma equipe da Queen's University de Ontario, no Canadá, vestiu algumas mulheres voluntárias com roupas equipadas com refletores de luz colocados nas juntas, nos braços e nas pernas e as filmou. O objetivo era analisar o modo como elas caminhavam.

As mulheres também forneceram amostras de saliva para que os níveis hormonais fossem checados.


As voluntárias que estavam nos períodos férteis de seu ciclo menstrual andaram com movimentos de quadril mais discretos e com os joelhos mais aproximados.

Os cientistas mostraram os vídeos para 40 voluntários homens e pediram para eles elegerem o andar mais sexy. As vencedoras foram aquelas que estavam no período menos fértil do ciclo menstrual. O estudo parece ir contra outra pesquisa recente que aponta que os homens respondem com mais entusiasmo às mulheres em período de ovulação. Um jornal norte-americano publicou mês passado que dançarinas ganham mais gorjetas durante o período fértil.

Mas os pesquisadores canadenses acreditam que não há contradição, porque as mulheres férteis dão sinais de "chega-mais" quando estão mais perto do objeto a ser seduzido do que à distância. Esses sinais vêm através de moléculas olfativas chamadas feromônios e também por expressões faciais.

Por outro lado, o homem pode captar o andar sedutor de uma mulher à longa distância. E um caminhar sexy, visto de longe, pode depois agir como um sinal não-intencional para machos menos atrativos.

Assim, ter um andar menos sexy no período da ovulação dá à mulher uma vantagem evolucionária: ela pode "esconder" seu período fértil de um homem indesejável. O rebolado seria então uma pista falsa para iludir os homens que não agradaram.

artigo do portal g1, pubicado na revista científica new scientist.

Os Blogs e as publicações científicas.

Nosso Planeta Terra visto da Lua, num dia de alinhamento.
Dois milhões e quinhentos mil artigos científicos são publicados anualmente em 34 mil revistas científicas internacionais. Esse número, apesar de expressivo, não representa nem a metade do conhecimento científico gerado nas universidades e centros de pesquisa ao redor do mundo. Partindo-se do pressuposto que a rápida divulgação da informação é crucial para o avanço do conhecimento, é um contra-senso, num mundo com tantas possibilidades criadas pela internet, qualquer limitação ao acesso e discussão pública da ciência.

O sistema vigente para a avaliação de mérito dos artigos científicos a serem publicados foi implementado há 70 anos e merece ser rediscutido. Baseado na avaliação por pares, na qual revisores anônimos da área de pesquisa abordada pelo artigo discutem sua validade, é um processo laborioso e muitas vezes lento, no qual aproximadamente 70% dos artigos submetidos são rejeitados. Além disso, apesar de envolver a participação de avaliadores anônimos, não impede injustiças, duplicação de resultados já publicados ou até mesmo fraudes. Na busca por alternativas ao processo tradicional de avaliação e publicação de artigos relacionados às ciências da vida, editores de revistas científicas e 100 jovens pesquisadores convidados de todos os continentes reuniram-se no Fórum Mundial de Ciências da Saúde da Próxima Geração (BioVision.Nxt), realizado mês passado em Lyon, na França.


Das discussões, saíram algumas sugestões, como a disponibilização imediata de todos os artigos científicos submetidos em blogs especializados (que funcionariam como as atuais revistas científicas), nos quais ocorreria a avaliação pública e certificação de seu conteúdo por revisores especializados, além da inclusão de comentários e sugestões não anônimas por membros da comunidade científica. Com isso, 100% da produção científica mundial passaria a estar disponível online. Ao mesmo tempo, injustiças, duplicações de dados e fraudes seriam mais facilmente e rapidamente identificadas.

A qualidade e mérito de cada artigo poderiam ser mensurados tanto pelo tradicional número de citações obtidas quanto imediatamente, pelos comentários e apreciação dos artigos postados nos blogs. Uma versão menos audaciosa dessa proposta foi lançada recentemente pela Public Library of Science (PLoS), com o nome de PLoS One (
www.plosone.org).

Outra conclusão do Fórum foi que os cientistas precisam sair do armário. O pouco engajamento social e político de cientistas e a supervalorização de critérios como o índice de impacto das revistas especializadas na análise da qualidade, mérito e promoção dos pesquisadores seriam alguns dos fatores responsáveis pelo distanciamento entre comunidade científica e sociedade.

Num momento em que a religião novamente se contrapõe ao avanço científico, uma maior participação e engajamento de cientistas em aspectos sociais, políticos e educacionais da sociedade foram sugeridos. Além disso, para promover um aproveitamento mais eficiente da capacidade do cientista como agente de transformação social, a implementação de noções de administração, gestão (em ciência) e relações públicas poderiam ser integradas à grade curricular e formação do pesquisador.


O maior desafio, no entanto, será encontrar novos critérios para avaliar a qualidade do cientista do futuro. Além do impacto de suas publicações, formas de reconhecimento do mérito, baseadas por exemplo, no impacto social e tecnológico que os cientistas geram ao seu redor, deverão ter importância equivalente como critérios de promoção e reconhecimento.

Fonte: G1 - portal de notícias da globo, artigo de Stevens Reben

Stevens Rehen é presidente da Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento (SBNeC) e pesquisador do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ.

domingo, 11 de novembro de 2007

Inteligência Animal

Os animais estão em plena evolução. Uma gaivota muito esperta na Escócia, aprendeu a abrir pacotes de salgadinhos. E melhor...
Ela entra na loja (quando não têm ninguém olhando) e pega o salgadinho sabor queijo.





O que será que estarão aprontando daqui a milhares de anos?

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Aqüífero Guarani


Água é vida. Sem ela não podemos viver. Somente 0,7% da água potável no mundo está disponível ao consumo humano. O Aquífero Guarani é um dos mais importantes depósitos de água potável do planeta. Cerca de 70% do aqüífero localiza-se no Brasil. Será que vamos cuidar bem desse valoroso patrimônio?

ORIGEM E DENOMINAÇÃO

As regiões do aqüífero compunham um deserto pré-histórico. Com o passar do tempo, os ventos acumularam grandes depósitos arenosos (na Bacia Sedimentar do Paraná), representando um extenso campo de dunas que foi recoberto por um dos mais volumosos episódios de vulcanismo intracontinental do planeta, cuja lava solidificada originou a Formação Serra Geral, que vem a ser uma capa protetora do Aqüífero Guarani. Esses mecanismos geológicos é que originaram as rochas (formações geológicas), em cujos poros armazenam-se as águas do Aqüífero Guarani.
O termo Guarani foi sugerido pelo geólogo Danilo Antón em uma conversa informal com os colegas Jorge Montaño Xavier e Ernani Francisco da Rosa Filho, geólogos da Universidad de la Republica do Uruguai e Universidade Federal do Paraná, respectivamente, em 1994, e aprovado com o respaldo dos quatro países em uma reunião em Curitiba, em maio de 1996. O objetivo era unificar a nomenclatura das formações geológicas que formam o aqüífero, e que recebem nomes diferentes nos quatro países e, simultaneamente, prestar uma homenagem aos índios guaranis que habitavam a área de sua ocorrência, na época do descobrimento da América.



1.Afloramentos: Para impedir a contaminação pelo derrame de agrotóxicos, um dia a agricultura que utiliza fertilizantes e pesticidas poderá ser proibida nestas regiões.


2.Aquecimento: Em regiões onde o aqüífero é profundo, as fazendas poderão aproveitar a água naturalmente quente para combater geadas. Ou para reduzir o consumo de energia elétrica em chuveiros e aquecedores.


3.Irrigação: Usar água tão boa para regar plantas é um desperdício. Mas, segundo os geólogos, essa pode ser a única solução para lavoura em áreas em risco de desertificação, como o sul de Goiás e o oeste do Rio Grande do Sul.


4.Aqueduto: Transportar líquido a grandes distâncias é caro e acarreta perdas imensas por vazamento. Mas, para a cidade de São Paulo, que despeja 90% de seus esgotos nos rios, sem tratamento nenhum, o Guarani poderá, um dia, ser a única fonte.

GEOGRAFIA


O Guarani é um dos maiores aqüíferos do mundo, cobrindo uma superfície de quase 1,2 milhões de km². Está inserido na Bacia Geológica Sedimentar do Paraná, localizada no Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina, e constitui a principal reserva de água subterrânea da América do Sul, com um volume estimado em 46 mil km³.A população atual na área de ocorrência do Aqüífero Guarani está estimada em aproximadamente 29,9 milhões de habitantes. Nas áreas de afloramento a população é de cerca de 3,7 milhões de pessoas (12,5 % do total).


O teólogo Leonardo Boff escreveu um artigo no jornal on line O Tempo sobre esse importante aqüífero:

A água potável é uma das preocupações maiores da humanidade, pois somente 0,7% dela é acessível ao uso humano. Um bilhão de pessoas tem água insuficiente e 2,5 bilhões não dispõem de saneamento básico. Como na fase planetária da humanidade não há um contrato social mundial que confira caráter civilizado às relações entre os povos, são muitos os que postulam criar tal pacto ao redor daquilo que absolutamente interessa a todos: a água potável.


O Brasil comparece como a potência mundial das águas, pois aqui está 13,8% de toda água doce do planeta. E ainda dispomos, junto com a Argentina, o Uruguai e o Paraguai, do maior aqüífero (águas subterrâneas) do mundo, o aqüífero Guarani. Possui um volume maior que toda a água contida nos rios e lagos da Terra. Antes de mais nada, cabe dizer que não se trata de um lago subterrâneo, mas de uma cadeia imensa de aproximadamente 1,2 milhão de km2 de rochas arenosas, saturadas de água, que ficam, em média, entre 70 a 800 metros abaixo do solo, perpassando oito Estados (70,2% da área do aqüífero): Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A área total do aqüífero é de 1.195.500 km2, superior à soma da França, Espanha e Inglaterra juntos.


Seu surgimento geológico é muito curioso. O aqüífero está assentado sobre um deserto pré-histórico, da era mesozóica (há uns 200 milhões de anos), sobre o qual os ventos formaram extensos campos de dunas. No período do cretáceo (há cerca de 125 milhões de anos), houve formidáveis erupções vulcânicas que recobriram de lava toda aquela região arenosa. Surgiu aquilo que hoje se chama de formação Serra Geral. A lava solidificada estancou a areia de alta porosidade, permitindo grande acúmulo de água, cerca de 48 mil km3 (48 quatrilhões de litros). O potencial de extração, sem riscos para o aqüífero, é da ordem de 40 km3 anuais (cerca de 40 trilhões de litros). O aqüifero não é contínuo. Em vários lugares, como no Paraná, está completamente compartimentado, havendo uma espécie de diques verticais basálticos que isolam as águas, armazenando-as por até 30 mil anos.


Há três tipos de águas no sistema Guarani: tipicamente água doce, com total mineralização, água salobra e água alcalina. O uso principal das águas no Brasil é para abastecimento da população (70%), para uso industrial (25%) e para turismo hidrotermal (5%). Isso é feito lá onde ele aflora ou então por poços cuja profundidade varia de 300 a 800 metros até 1.795 metros de profundidade, conforme as regiões, com vazões da ordem de 75 a 520 m3 por hora.
Os estudos têm revelado que as águas do aqüífero Guarani estão ainda livres de contaminação. Mas em regiões de recarga, especialmente de intensiva atividade agroindustrial, como em Ribeirão Preto, Araraquara e Piracicaba, a vulnerabilidade é maior em razão dos pesticidas.Como o aqüífero envolve quatro países, estão se formulando políticas comuns no sentido de preservar esse bem natural imprescindível e torná-lo disponível não só para nós, mas também para a humanidade sedenta e faminta.

fonte: revista superinteressante, jornal O Tempo, dados de "Aqüifero Guarani" (2004), de Nadia Rita, José Roberto Borghetti e Ernani Francisco da Rosa Filho, imagem web.

Evolução, uma tremenda exposição!


A Teoria da Evolução é um tema fascinante. Saber sobre a evolução das espécies é conhecer um pouco mais sobre nossa própria história.
Recentemente foi lançado em vários países "Evolution", um livro que explica por meio de fotos artísticas de esqueletos a teoria de Darwin sobre a evolução das espécies e os laços de parentesco entre os vertebrados. Contar essa história com muita arte é o objetivo da exposição do livro no Museu de História Natural de Paris.



"Evolution", de autoria do cientista francês Jean-Baptiste de Panafieu, e ilustrado com imagens do fotógrafo luxemburguês Patrick Gries, reúne centenas de esqueletos de animais de vários museus franceses, principalmente do Museu de História Natural de Paris, que possui uma das maiores coleções do mundo.

As fotografias do livro, consideradas "magníficas" pela imprensa francesa, reproduzem os esqueletos como verdadeiras esculturas. Suportes metálicos de algumas vértebras foram retirados para criar a sensação do animal em movimento.

O fotógrafo reproduziu, por exemplo, as cenas de uma pantera atacando um mamífero e de um homem cavalgando, mostrando perfeitamente as pernas do cavalo na posição de corrida.Tartarugas, orcas, serpentes, gorilas, tamanduás, pássaros, répteis e girafas são alguns dos inúmeros animais apresentados de forma original e artística em Evolution.
"Espetaculares, misteriosos, elegantes ou grotescos, os esqueletos dos vertebrados que povoam hoje a Terra carregam os vestígios de uma evolução de vários bilhões de anos. Esse livro retrata a História da nossa era, que esses esqueletos guardaram na memória", diz a apresentação de Evolution.


Diferenças e semelhanças

O livro também é uma ocasião para ver alguns esqueletos que não estão expostos no Museu de História Natural de Paris por falta de espaço e que foram retirados dos arquivos do acervo especialmente para a realização da obra.
O livro foi publicado pela Editora Xavier Barral em conjunto com o Museu Nacional de História Natural de Paris.
Os autores da obra sobrepuseram alguns esqueletos. "Ficamos surpresos com as diferenças, claro, mas sobretudo com as semelhanças", afirma o cientista Panafieu, professor de Ciências Naturais.




"As mãos, pés ou patas com cinco dedos, que os homens e lagartos possuem, existem há 350 milhões de anos. O polegar, comum ao homem e ao macaco, existe há 30 ou 35 milhões de anos", diz Panafieu.




O cientista afirma ainda que não quis escrever um tratado sobre a teoria da evolução das espécies, mas apenas "contar histórias".
Segundo ele, além dos aspectos científicos, os esqueletos também possuem sua própria história.





"O esqueleto do elefante do Museu de História Natural de Paris é da época de Luís XIV. O hipopótamo é do período de Luís XV", afirma o autor.
Além da França, Evolution já foi lançado nos Estados Unidos, Grã-Bretanha, Espanha, Itália, Alemanha e Japão.



"Evolution" é a primeira de uma série de obras produzidas pela editora francesa Xavier Barral com o objetivo de unir a ciência ao mundo das artes.
Fonte: Le Monde

Efeitos do verão

Que perigo no trânsito...
Cadê o capacete?

Essa figura conseguiu "driblar" a fiscalização dos guardas de trânsito mesmo estando sem "capacete", embora pudesse causar alguns acidentes, por outros motivos...

Mais eficaz que isso só uma tatuagem com os dizeres... Desenvolvimento Sustentável, não é mesmo?

foto: divulgação

Mais efeitos do aquecimento global



Mar avança no vilarejo de Walcott, perto de Great Yarmouth, Reino Unido. A população local foi orientada a deixarem suas casas até que baixe maré do Mar do Norte.


Efeitos como esse tornan-se cada vez mais comuns por conta do aquecimento global.


Esta é a Villa Hermosa, no México. Também debaixo d'água.

imagem web

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Os santos e as ONGs


O Monge João Maria foi um líder de uma espécie de ONG de sua época.

O Messianismo

Os movimentos messiânicos são aqueles que se apegam a um líder religioso ou espiritual, um messias, que passa a ser considerado "aquele que guia em direção à salvação". Os "líderes messiânicos" conquistam prestígio dando conselhos, ajudando necessitados e curando doentes, sem nenhuma pretensão material, identificando-se do ponto de vista sócio econômico com as camadas populares. Na região sul, a ação dos "monges" caracterizou o messianismo, sendo que o mais importante foi o monge João Maria, que teve importante presença no final do século passado, época da Revolução Federalista (1893-95).

O monge João Maria:


Durante muitos anos apareceram e desapareceram diversos "monges", confundidos com o próprio João Maria. Em 1912 surgiu na cidade de Campos Novos, no interior de Santa Catarina, o monge José Maria. Aconselhando e curando doentes a fama do monge cresceu, a ponto de receber a proteção de um dos mais importantes coronéis da região, Francisco de Almeida. Vivendo em terras do coronel, o monge recebia a visita de dezenas de pessoas diariamente, provenientes de diversas cidades do interior. Proteger o monge passou a ser sinal de prestígio político, por isso, a transferência de José Maria para a cidade de Taquaruçu, em terras do coronel Henrique de Almeida, agudizou as disputas políticas na região, levando seu adversário, o coronel Francisco de Albuquerque, a alertar as autoridades estaduais sobre o desenvolvimento de uma "comunidade de fanáticos" na região.
Durante sua estada em Taquaruçu, José Maria organizou uma comunidade denominada "Quadro Santo", liderada por um grupo chamado "Os Doze pares de França", numa alusão à cavalaria de Carlos Magno na Idade Média, e posteriormente fundou a "Monarquia Celestial".

As vezes o serviço prestado por algumas ONGs se assemelha bastante a esse "messianismo" e acaba fugindo totalmente do objetivo inicial de sua atuação. Outras ONGs se comportam como uma espécie de 2º governo e quando você recorre a ajuda, o atendimento fica bem perto de um serviço público mal feito, burocrático, arrogante e indiferente, enquanto que foram criadas justamente para fazer diferente, atuar em ações que os Governos não são capazes de fazer.
Os vigias desse quadro deveriam ser as próprias ONGs sérias, como em todas as áreas possuem sua fiscalização, não deveria ser diferente para as Organizações Não-Governamentais.


Crítico ataca aura de santidade das ONGs

Como combater a tentação de se considerar o salvador do Terceiro Mundo. "As ONGs sérias têm de denunciar as que são na verdade puras empresas", diz Jordi Raich, a voz crítica da santidade das ONGs, autor de "El Espejismo Humanitario"

Maricel Chavarría Em Barcelona

Todo ato solidário não deixa de ser um ato egoísta. Os profissionais da cooperação experimentam com freqüência uma grande satisfação ao voltar de uma temporada em campo, e entram em crise: acreditam ter encontrado seu lugar no mundo e, ao deixá-lo, se vêem deslocados. Se além disso esse trabalho traz consigo o agradecimento dos beneficiários e um reconhecimento social, o espírito crítico pode diminuir.

Os profissionais da cooperação têm muito presente essa combinação de fatores, por isso as ONGs destinam muitos recursos às entrevistas psicológicas com os candidatos para garantir que seu perfil não seja executivo demais nem assistencialista demais. E sobretudo que tenham certa estabilidade. No entanto, o magma de ONGs cujos líderes são amadores da boa vontade obscurece o panorama. O último escândalo no setor, protagonizado no Chade pela ONG francesa que tentava tirar do país uma centena de crianças com o fim de salvá-las, indica que as boas intenções, combinadas com a onipotência, têm resultados inaceitáveis.

"Você pode ser um bom líder, mas sem espaços de reflexão e pessoas ao seu redor que o questionem e o façam crescer, você estagna em sua dinâmica", diz Ignasi Carreras, diretor do Instituto de Inovação Social, que forma líderes de ONGs. "Os especialistas dizem que um bom líder da cooperação o é entre sete e dez anos. A partir daí sua rentabilidade diminui. Como líder de uma ONG, não é conveniente que prolongue seu cargo além de uma década, porque impede a entrada de gente nova, com um novo olhar", acrescenta o ex-diretor da Intermón Oxfam.

Os líderes e colaboradores com personalidade prepotente e atuações duvidosas abundavam em uma etapa pioneira da cooperação, explica Carreras. "A recompensa nas ONGs não é econômica: é que sua causa avance. A identificação com a causa é tão grande que se você a deixar sente que deixa a si mesmo, que deixa de ser", indica Carreras.

Isso ocorre quando há uma combinação de fatores: que haja uma fonte de inspiração, seja política, social, espiritual... que as causas pelas quais se trabalha progridam, isto é, que valham a pena; que as pessoas com as quais se realiza a atividade o enriqueçam e, finalmente, que se obtenha reconhecimento social.


"Milhares de colaboradores iniciam com a intenção de fazer o bem e no princípio sentem que ajudam a melhorar a vida das pessoas. Mas depois começa-se a indagar se serve para algo alimentar uma família em Darfur cercada de 400 mil pessoas que não se pode ajudar, e percebe-se que o problema é muito maior do que distribuir bolachas ou sandálias, e sente-se frustração. No entanto, ao voltar, sua sociedade o faz sentir-se um herói. Todos o elogiam, o que o faz sentir-se melhor consigo mesmo. E por que não, se outros sentem satisfação fazendo o mal? Mas é discutível." Quem fala assim é Jordi Raich, a voz crítica da santidade das ONGs, autor de "El Espejismo Humanitario" [A ilusão humanitária].


"Há de tudo no mundo da cooperação: os que se iniciam por crença religiosa; os que pensam que querem levar uma vida alternativa à sociedade de consumo; esses são os utópicos que querem mudar o mundo. Também há os que depois de 20 anos num escritório se cansam e se inscrevem porque idealizaram, e muitos outros que fogem de fracassos matrimoniais, profissionais...", explica Raich.


Da Arca de Zoé -a ONG apanhada no Chade- se desconhece se esconde uma ação humanitária mal compreendida, de gente ingênua que foi enganada por locais; se aplicou a premissa fundamentalista solidária de faça o que fizer, algo fica, ou se se trata de um puro negócio. Para Raich, "existem máfias e grupos disfarçados de ONGs que operam com adoções, tráfico de órgãos ou financiam grupos terroristas". "Há uma série de organizações que aproveitam essa aura de santidade que demos às ONGs", acrescenta.

"Tudo indica" , conclui Raich, "que cedo ou tarde a ilusão humanitária explodirá. As ONGs que se consideram sérias e transparentes, das quais se exigem garantias, deveriam ser as primeiras a denunciar esses casos e, no entanto, são as últimas, porque acreditam que, tratando-se de outra ONG, não podem opinar. Mas até que interfiram no assunto os escândalos se sucederão. A imagem de santidade será estilhaçada. E me alegro: isso deve se transformar em uma profissão, um trabalho. A proliferação de ONGs vai em detrimento das vítimas que se pretendem ajudar. Recursos são desperdiçados. O Estado deve não só registrar e auditar, mas fazer uma regulação de qualidade."

"Aceite que não pode fazer tudo""Não julgamos as razões pelas quais as pessoas querem trabalhar na Médicos Sem Fronteiras. Há muitos fatores, mas tentamos ver se suas expectativas são realistas e se entenderam bem o que é a MSF, pois muitas vezes se idealiza esse trabalho. As emergências são duras, tem-se muita responsabilidade e é preciso agüentar a pressão." Teresa Murray, responsável por recrutamento e seleção de pessoal da MSF, explica que a entidade mudou seu sistema: se antes insistia nos compromissos e valores, agora, sem esquecê-los, se baseia mais na competência.


"É mais eficaz medir a atuação do indivíduo no grupo, reflete mais as circunstâncias do terreno que uma entrevista e reduz o risco de enviar alguém que não se enquadre", diz Murray. Se uma personalidade prepotente passar no primeiro teste, depois há uma entrevista intensiva com o grupo na qual ela é observada. Já em campo o colaborador humanitário é avaliado a cada seis meses por seu supervisor.

Segundo Carla Uriarte, coordenadora de apoio social das equipes da MSF, uma mensagem chave para os candidatos é: aceite seus limites. "A onipotência de 'vou salvar o mundo' acontece com as pessoas menos experientes, mas o terreno é um banho de humildade". Não aceitar que a ajuda humanitária é limitada causa estresse, acrescenta Uriarte. "Mesmo que morram crianças, é preciso continuar dormindo e comendo, do contrário você começa a cometer erros."


Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

Fonte: La Vanguardia

Que beleza, a Natureza!

Música para ouvir todos os dias. Porque faz bem para a alma!

Tim se foi, mas deixou essa linda canção.

E tudo que a gente faz tem Natureza, que Beleza!

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Novo Planeta

Nasa descobre um novo planeta fora do sistema solar. Ele orbita a estrela 55 Cancri, como outros 4 plantetas vistos na imagem (animação - Nasa).

Pesquisadores do Jet Propulsion Laboratory, em Pasadena, informaram que um quinto planeta foi encontrado orbitando 55 Cancri, uma estrela situada a 41 anos-luz da Terra, na constelação de Câncer.

Geoff Marcy, astrônomo da Universidade da Califórnia, em Berkeley, disse que a descoberta mostra que outro sistema solar semelhante ao da Terra pode ser achado do espaço.
"A relevância é maravilhosa. Sabemos agora que nosso sol e sua família de planetas não são incomuns. Isso mostra que nossa Via Láctea tem milhões de sistemas planetários e suspeitamos fortemente de que alguns desses sistemas escondem planetas como a Terra", disse.

O novo planeta tem 45 vezes a massa da Terra e parece ser semelhante a Saturno em sua composição e aparência.

O planeta realiza uma órbita de 260 dias em torno de 55 Cancri e se situa na "zona habitável" em torno da estrela, onde as temperaturas permitiriam a presença de água em superfícies sólidas.

Agora, se você quiser dar um passeio até lá, vai ser meio demorado... Se pudéssemos viajar à velocidade da luz, seriam 41 anos para chegar até lá...

Então cuidar desse nosso Planeta Terra é o que está ao nosso melhor alcance!

Fonte: Nasa e Diário do Grande ABC.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Floripa e o Pequeno Príncipe

Praia do Campeche


Diz a lenda que o nome da praia (e do bairro) Campeche provém do apelido que um visitante francês deu ao lugar: “Champ et Pêche”, ou seja, Campo de Pesca.


O tal francês era conhecido na época pelos pescadores do local como “Zé do Perri”. “Zé” era ninguém mais que o aviador Antoine de Saint-Exupéry, escritor, entre outras obras, do livro “O Pequeno Príncipe”.


Há uma outra versão para o nome Campeche. Segundo historiadores o nome veio de um vegetal chamado pau-campeche (Hematoxylon campechianum) da familia das Fabaceae utilizado como planta medicinal e para tinturaria, foi bastante procurado no início da civilização. Nota: Curiosamente esse nome científico consta como uma árvore nativa da América Central, segundo a wiquipédia.


Das histórias ficam as lembranças. A rua principal do balneário é uma bela homenagem à mais essa bonita história da ilha da magia: a Avenida Pequeno Príncipe.



Florianópolis - vista do google earth



Exposição Sob os céus do Campeche Mostra conta a vida de Saint-Exupéry, que esteve na Ilha entre 1929 e 1931.

MÁRCIO MIRANDA ALVES - Diário Catarinense

Eram chamados de cavaleiros do céu os pilotos franceses que abriram as primeiras rotas de correio aéreo entre Europa, África e América do Sul, a partir dos anos posteriores à Primeira Guerra Mundial.


No Brasil, diversos aeródromos foram criados para pousos e decolagens daqueles pequenos e inseguros aviões, que tinham pouca autonomia de vôo e enfrentavam freqüentes panes. Um desses aeródromos estava localizado em Florianópolis, na Praia do Campeche, onde os aventureiros faziam escala para repouso e abastecimento.


Entre os pilotos, um deles tinha um nome difícil de pronunciar e anos mais tarde ficaria mundialmente conhecido como escritor e autor do livro O Pequeno Príncipe, publicado em 1943.


A presença de Antoine de Saint-Exupéry na Ilha de Santa Catarina ganha a partir de hoje um selo de autenticidade que deve dobrar os últimos - se ainda existir algum - reticentes. Trata-se da inauguração do Espaço Zeperri, localizado na pousada de mesmo nome e que vai oferecer uma exposição permanente de quadros, pôsteres e banners que contam toda a trajetória de vida do aviador, que nasceu em 1900 e morreu ao cair no Mar Mediterrâneo (alguns biógrafos sugerem que ele teria se suicidado), próximo da costa francesa, em 31 de julho de 1944.


Enviado pela própria família de Exupéry, o material da mostra é o mesmo apresentado na França nas comemorações dos 60 anos de O Pequeno Príncipe, evento organizado pelas edições Gallimard e Fundação Saint-Exupéry. Os textos escritos originalmente em francês estão traduzidos para o português e o inglês. Além dos quadros, também fazem parte da exposição uma canoa artesanal da época, uma maquete do avião Breguet 14 (o primeiro a ser pilotado por Exupéry), uma estante com os livros publicados pelo escritor e objetos temáticos relacionados ao seu personagem mais famoso.


A sobrinha-neta de Exupéry, Hélène DAgay, estará presente na inauguração como representante oficial da família.
- A nossa idéia era valorizar a história cultural do bairro, que não tem apenas sol e praia. Mas não imaginávamos que iria chegar onde chegou - afirma o manezinho e proprietário da pousada Gerson Amorim, que, juntamente com a esposa Elzi e os filhos, dedicou os últimos três meses exclusivamente à organização do espaço, financiado com recursos próprios.
Os mais notórios cavaleiros do céu eram, além de Exupéry, Jean Mermoz (piloto que inaugurou os vôos noturnos entre Rio de Janeiro e Buenos Aires, em 1928, e abriu a rota nos Andes no ano seguinte) e Henri Guillaumet. Os três pilotos mantinham um forte laço de amizade e morreram fazendo o que mais amavam, voar.


Guillaumet, que sobrevivera a um acidente nos Andes, onde ficou vários dias perdido na imensidão das montanhas geladas, seria abatido durante a Segunda Guerra, em 1940, próximo à região da Sardenha, quando transportava um comissário francês até a Síria. Mermoz desapareceu com sua tripulação ao realizar a travessia do Atlântico Sul, em 1936, a bordo de um hidravião.



Lagoa do Peri - "Zé do Perri"


Pesquisas confirmam os relatos orais


A falta de uma prova material sempre foi um argumento forte de alguns historiadores que não acreditam nos relatos orais dos pescadores, principalmente de Seu Deca, cujas descrições da amizade com "Zé Perri" entre 1929 e 1931 foram reveladas em livro pelo filho Getúlio Manoel Inácio.


No entanto, Guillemette de Bure, neta de Marcel Bouilloux-Lafont (empreendedor que expandiu a Aéropostale na América Latina), pesquisou durante 20 anos a história da empresa aérea e não tem dúvidas: tanto Saint-Exupéry quanto Mermoz teriam feito viagens extra-oficiais (voiyages détudes) na região. O resultado da meticulosa pesquisa está no livro Les secrets de LAéropostale (em tradução livre, Os Segredos da Aéropostale), publicado no ano passado.


Já a biógrafa de Exupéry, a norte-americana Stacy de La Bruyère, aponta que o escritor era o chefe do posto em Buenos Aires e sua função era vistoriar todos os aeródromos na América do Sul, o que incluiria Florianópolis e Pelotas (RS), no Sul do Brasil.


- Conversei com a Guillemette durante as minhas pesquisas e ela também acredita que não haveria motivo para o Saint-Exupéry não ter estado no Campeche - diz a doutora em Relações Franco-Brasileiras e pós-doutoranda pela Fapesp, Mônica Cristina Corrêa (veja entrevista), que tem se dedicado ao tema e responde pela curadoria da exposição, com a assistência da bibliotecária Marfísia Lancellotti, ex-diretora técnica da Biblioteca Mário de Andrade.


Muito além do livro O Pequeno Príncipe


Além de ter uma função educativa, o espaço também vai promover a ampliação da importância de Saint-Exupéry para a literatura, que não se restringe a O Pequeno Príncipe. O francês escreveu vários outros livros, como Vôo Noturno (1931), Correio Sul (1929) e Terra dos Homens (1939), este último traduzido por Rubem Braga, todos relacionados de alguma forma à aviação e às aventuras dos cavaleiros do céu.


- Não estamos desvalorizando o seu livro mais conhecido, mas o Saint-Exupéry não é o Pequeno Príncipe. Ele ficou estigmatizado. Existem muitas outras histórias escritas a partir de suas experiências como aviador - destaca Mônica.


Afora a mostra, Antoine de Saint-Exupéry já é lembrado no Campeche com um memorial e com o nome de uma avenida (Av. Pequeno Príncipe). Um vídeo foi realizado por alunos do curso de cinema da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), intitulado Zé Perri no Campeche (2000). A pista de pouso ainda existe e pertence à Aeronáutica. O Espaço Zeperri ficará aberto para visitação pública de turistas, estudantes e outros interessados, com agendamento, e a exposição passa a pertencer definitivamente ao Campeche.



Réplica do avião que Exupéry aterrisava no Campeche


Exposição "Não existe contradição" Entrevista Mônica Cristina Corrêa, curadora


Diário Catarinense - A passagem de Saint-Exupéry por Florianópolis sempre foi encarado com um certo ceticismo por alguns historiadores. Ainda existe alguma dúvida sobre isso?


Mônica Cristina Corrêa - Eu posso afirmar que não. A descoberta do campo de aviação do Campeche e a compra do terreno pelo piloto Paul Vachet mostra uma relação de grande amizade e empatia com os pescadores, tanto que ele usa até palavras em português, como "compadre", "comadre", "abraço", para dizer como eles se sentiam e se relacionavam. Existem vários livros que mostram essa relação de amizade entre eles. Mais importante é que a neta do Bouilloux-Lafont, Guillemette de Bure, sabe e afirmou que tanto Exupéry quanto Mermoz fizeram várias viagens extra oficiais no Campeche. E há outra coisa contundente. Exupéry era chefe da LAéropostale, portanto era o responsável pela supervisão de todos os aeródromos da costa brasileira. Obrigatoriamente essa supervisão incluía visitas. Por que ele pularia Florianópolis?


DC - No livro Vôo Noturno, Saint-Exupéry diz: "A escala em Florianópolis não observou as instruções. Essa seria a maior das provas?


Mônica - É uma prova escrita, do autor falando sobre Florianópolis, mas a gente não pode se agarrar única e exclusivamente a isso. Outros pilotos falam disso, registraram Florianópolis. Eu acho que o ceticismo está ligado à tradição oral. Por que a gente daria importância a um pescador analfabeto, que contava essas histórias, como o Seu Deca? Isso é uma maneira quase brasileira de desacreditar sua cultura. Comparando o relato do Getúlio, que é uma transmissão do relato do pai, com o que a gente sabe da presença francesa por aqui, não existe contradição. Muito pelo contrário.


DC - Mas como se daria essa conversação entre pescadores analfabetos e pilotos franceses que não falavam o português?


Mônica - É exatamente isso que o Vachet nos mostra. Ele desceu na praia do Campeche, escolheu o lugar da pista, e precisava regularizar os títulos de propriedade para legalizar o aeródromo. Ele só poderia negociar isso com os pescadores e não falava português. Então ele chamou um juiz de paz de Florianópolis para fazer os casamentos. Ele foi padrinho, juntamente com a esposa, do casamento legal desses pescadores. E toda vez que ele descia, era cercado pelos pescadores. Recebia tapinhas carinhosos nas costas e era chamado de compadre. Essa forma de comunicação se amplia para além da palavra e os pilotos também faziam os seus esforços para serem entendidos. Em vários lugares do Brasil os aviões entravam em pane e caíam. E para tirar o avião daquela situação, na praia ou na selva, quem ajudava no serviço eram os habitantes locais, que nunca falaram francês. Supor que eles somente poderiam criar um vínculo se um falasse português ou o outro francês é uma coisa muito "moderninha". A comunicação humana não se restringe à palavra.


DC - Por que a pista de pouso do Campeche era tão importante estrategicamente para os pilotos?


Mônica - Porque o vôo do Rio de Janeiro para Buenos Aires era complicado, por conta da natureza, dos acidentes geográficos, dos ventos. Os aviões da época eram muito precários e não tinham combustível nem condições de fazer um vôo direto do Rio de Janeiro até Buenos Aires. Existiam aeródromos na costa inteira, com hangares que guardavam todos os equipamentos necessários, peças de reposição, combustível e aviões reserva.


DC - Onde podemos identificar essa "herança" deixada pelos pilotos franceses em Florianópolis?


Mônica - Tem uma coisa interessante que é a palavra "popote", muito repetida aqui e que tem vários significados em francês. É uma marmita ou também um lugar onde os militares se reúnem para comer, um refeitório. Imaginei que se tratasse de um galicismo, uma palavra como "suflê" ou "musse" e tantas outras que passaram para o vocabulário português. Mas não se trata de um galicismo, ela é uma palavra do vocabulário local.


DC - Você acha que Florianópolis deveria aproveitar melhor, turisticamente, esse aspecto da história? De que forma?


Mônica - É isso que estamos tentando fazer. O turista também busca a cultura da história local. O Espaço Zeperri quer proporcionar uma fonte de informações sobre o tema. Existe muita coisa na Ilha que se refere à aviação e a Saint-Exupéry. O que falta é reunir e traduzir todos os documentos que dizem respeito a essa presença francesa. A gente pode ir além da praia e da aventura, também podemos ter cultura.



Antoine de Saint Exupéry - escritor entre tantas obras de "O Pequeno Príncipe"


Pesquisa: web e jornal Diário Catarinense.