sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Aqüífero Guarani


Água é vida. Sem ela não podemos viver. Somente 0,7% da água potável no mundo está disponível ao consumo humano. O Aquífero Guarani é um dos mais importantes depósitos de água potável do planeta. Cerca de 70% do aqüífero localiza-se no Brasil. Será que vamos cuidar bem desse valoroso patrimônio?

ORIGEM E DENOMINAÇÃO

As regiões do aqüífero compunham um deserto pré-histórico. Com o passar do tempo, os ventos acumularam grandes depósitos arenosos (na Bacia Sedimentar do Paraná), representando um extenso campo de dunas que foi recoberto por um dos mais volumosos episódios de vulcanismo intracontinental do planeta, cuja lava solidificada originou a Formação Serra Geral, que vem a ser uma capa protetora do Aqüífero Guarani. Esses mecanismos geológicos é que originaram as rochas (formações geológicas), em cujos poros armazenam-se as águas do Aqüífero Guarani.
O termo Guarani foi sugerido pelo geólogo Danilo Antón em uma conversa informal com os colegas Jorge Montaño Xavier e Ernani Francisco da Rosa Filho, geólogos da Universidad de la Republica do Uruguai e Universidade Federal do Paraná, respectivamente, em 1994, e aprovado com o respaldo dos quatro países em uma reunião em Curitiba, em maio de 1996. O objetivo era unificar a nomenclatura das formações geológicas que formam o aqüífero, e que recebem nomes diferentes nos quatro países e, simultaneamente, prestar uma homenagem aos índios guaranis que habitavam a área de sua ocorrência, na época do descobrimento da América.



1.Afloramentos: Para impedir a contaminação pelo derrame de agrotóxicos, um dia a agricultura que utiliza fertilizantes e pesticidas poderá ser proibida nestas regiões.


2.Aquecimento: Em regiões onde o aqüífero é profundo, as fazendas poderão aproveitar a água naturalmente quente para combater geadas. Ou para reduzir o consumo de energia elétrica em chuveiros e aquecedores.


3.Irrigação: Usar água tão boa para regar plantas é um desperdício. Mas, segundo os geólogos, essa pode ser a única solução para lavoura em áreas em risco de desertificação, como o sul de Goiás e o oeste do Rio Grande do Sul.


4.Aqueduto: Transportar líquido a grandes distâncias é caro e acarreta perdas imensas por vazamento. Mas, para a cidade de São Paulo, que despeja 90% de seus esgotos nos rios, sem tratamento nenhum, o Guarani poderá, um dia, ser a única fonte.

GEOGRAFIA


O Guarani é um dos maiores aqüíferos do mundo, cobrindo uma superfície de quase 1,2 milhões de km². Está inserido na Bacia Geológica Sedimentar do Paraná, localizada no Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina, e constitui a principal reserva de água subterrânea da América do Sul, com um volume estimado em 46 mil km³.A população atual na área de ocorrência do Aqüífero Guarani está estimada em aproximadamente 29,9 milhões de habitantes. Nas áreas de afloramento a população é de cerca de 3,7 milhões de pessoas (12,5 % do total).


O teólogo Leonardo Boff escreveu um artigo no jornal on line O Tempo sobre esse importante aqüífero:

A água potável é uma das preocupações maiores da humanidade, pois somente 0,7% dela é acessível ao uso humano. Um bilhão de pessoas tem água insuficiente e 2,5 bilhões não dispõem de saneamento básico. Como na fase planetária da humanidade não há um contrato social mundial que confira caráter civilizado às relações entre os povos, são muitos os que postulam criar tal pacto ao redor daquilo que absolutamente interessa a todos: a água potável.


O Brasil comparece como a potência mundial das águas, pois aqui está 13,8% de toda água doce do planeta. E ainda dispomos, junto com a Argentina, o Uruguai e o Paraguai, do maior aqüífero (águas subterrâneas) do mundo, o aqüífero Guarani. Possui um volume maior que toda a água contida nos rios e lagos da Terra. Antes de mais nada, cabe dizer que não se trata de um lago subterrâneo, mas de uma cadeia imensa de aproximadamente 1,2 milhão de km2 de rochas arenosas, saturadas de água, que ficam, em média, entre 70 a 800 metros abaixo do solo, perpassando oito Estados (70,2% da área do aqüífero): Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A área total do aqüífero é de 1.195.500 km2, superior à soma da França, Espanha e Inglaterra juntos.


Seu surgimento geológico é muito curioso. O aqüífero está assentado sobre um deserto pré-histórico, da era mesozóica (há uns 200 milhões de anos), sobre o qual os ventos formaram extensos campos de dunas. No período do cretáceo (há cerca de 125 milhões de anos), houve formidáveis erupções vulcânicas que recobriram de lava toda aquela região arenosa. Surgiu aquilo que hoje se chama de formação Serra Geral. A lava solidificada estancou a areia de alta porosidade, permitindo grande acúmulo de água, cerca de 48 mil km3 (48 quatrilhões de litros). O potencial de extração, sem riscos para o aqüífero, é da ordem de 40 km3 anuais (cerca de 40 trilhões de litros). O aqüifero não é contínuo. Em vários lugares, como no Paraná, está completamente compartimentado, havendo uma espécie de diques verticais basálticos que isolam as águas, armazenando-as por até 30 mil anos.


Há três tipos de águas no sistema Guarani: tipicamente água doce, com total mineralização, água salobra e água alcalina. O uso principal das águas no Brasil é para abastecimento da população (70%), para uso industrial (25%) e para turismo hidrotermal (5%). Isso é feito lá onde ele aflora ou então por poços cuja profundidade varia de 300 a 800 metros até 1.795 metros de profundidade, conforme as regiões, com vazões da ordem de 75 a 520 m3 por hora.
Os estudos têm revelado que as águas do aqüífero Guarani estão ainda livres de contaminação. Mas em regiões de recarga, especialmente de intensiva atividade agroindustrial, como em Ribeirão Preto, Araraquara e Piracicaba, a vulnerabilidade é maior em razão dos pesticidas.Como o aqüífero envolve quatro países, estão se formulando políticas comuns no sentido de preservar esse bem natural imprescindível e torná-lo disponível não só para nós, mas também para a humanidade sedenta e faminta.

fonte: revista superinteressante, jornal O Tempo, dados de "Aqüifero Guarani" (2004), de Nadia Rita, José Roberto Borghetti e Ernani Francisco da Rosa Filho, imagem web.