sábado, 30 de agosto de 2008

A mulher que não esquece

Jill posa em uma poltrona feita com livros


Já imaginou poder se lembrar de todos os momentos da sua vida? Pois uma americana de 42 anos, chamada Jill Price de 42 anos, garante se lembrar de todos os dias e o que fez em todos os momentos desde os 16 anos. Ela escreveu um livro (A mulher que não consegue esquecer) onde conta sua excêntrica história.

Mas se fosse só uma excêntrica história até que poderia ser divertido, o que não é o caso de Jill, que se diz prisioneira dos próprios pensamentos. Trata-se de uma doença muito rara, diagnosticada em 2005 por uma equipe liderada por James McGaugh, após cinco anos de estudos onde Jill foi a primeira pessoa no mundo com essa síndrome chamada de hyperthymestic syndrome, que foi batizada apartir da palavra grega "thymesis" (lembrança). O que mais impressiona é a rapidez e exatidão com que Jill conta sobre o período que viveu.

Depois da descoberta da síndrome, apareceram outros casos parecidos com o de Jill e a doença parece estar ligada à ocorrência de transtorno obsessivo-compulsivo, esquizofrenia e depressão”, afirma o neurologista Martín Cammarota, pesquisador do Centro de Memória da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

O fato é que lembrar de tudo o que se passou durante a vida é angustiante. Principalmente dos momentos ruins e traumáticos, por isso ainda bem que nosso cérebro faz inteligentemente uma varredura na nossa memória.

A propósito, o que eu iria fazer mesmo? Ah! Colocar o link de mais sobre essa matéria que foi publicada na revista época em 30/05/2008. Então, acesse AQUI.

Fique sossegado se esquecer sobre o dia de ontem e até de hoje. Aliás, se esquecer que leu essa matéria também não vou achar ruim... Desde que se lembre que esquecer faz bem!

Foto: Philip Toledano/ Revista Época.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Luta entre búfalos, leões e crocodilos


Um vídeo amador chamado "Battle at Kruger", publicado em maio deste ano no YouTube, mostra que nem sempre o rei da selva se dá bem. Filmado por um grupo de turistas, mostra a luta de um grupo de búfalos contra os leões em plena savana da Reserva de Kruger, na África do Sul.

Foram oito minutos de pura emoção, tanto que a filmagem ficou tremida e o pessoal não conseguia ficar quieto diante das cenas, coisa que documentaristas profissionais claro que não fariam. Mas foram os amadores que tiveram a sorte de estar no lugar certo e na hora certa.

Impressionante mesmo é como os leões se salvaram dessa...



segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Onças matam pescador em Cárceres

A cidade de Cárceres, 210Km da capital do Estado do Mato Grosso, Cuiabá, onde entre as atrações turísticas oferecidas está a pesca no rio Paraguai, teve um acontecimento extraordinário no dia 24 de junho deste ano. Duas onças pintadas atacaram um pescador enquanto ele dormia em sua barraca. As notícias dizem que o fato se deve ao aumento da população desse animal pelo fato do Ibama fiscalizar com mais rigor. Mas o inusitado acontecimento de duas onças atacarem juntas (muito raro) um ser humano podem indicar um alerta da falta de jacarés e capivaras, animais que naturalmente fazem parte da sua alimentação. É aquela velha história: o ser humano caça, invade o território e modifica a estrutura biológica de toda uma cadeia alimentar e um dia a "caça" se volta contra o caçador.

Foto de Nestor Fidélis, mostrando a praça Barão do Rio Branco em Cárceres

Majestosa Onça-Pintada

Tragédia na pescaria

Onças pintadas rasgam barraca e matam pescador no rio Paraguai; pai chegou a ver o ataque, mas não conseguiu enfrentar animais

CLARICE NAVARRO DIÓRIO
Da Sucursal de Cáceres

Duas onças pintadas - supostamente um casal - atacaram e mataram um homem na noite da última terça-feira na região do Pantanal de Cáceres. Os animais devoraram parte do corpo da vítima, que estava no local acampado para pescar.

Luiz Alex da Silva Lara, de 22 anos, pescava com o pai, Alonso Silva Lara, de 54. O ataque aconteceu por volta das 19 horas, quando o rapaz dormia na barraca e o pai estava um pouco afastado, tentando encontrar iscas.

O acampamento estava montado a 230 quilômetros do centro da cidade, numa localidade conhecida como Pacu Gordo, que fica próximo à reserva ecológica do Taiamã.

Os animais rasgaram a lona da barraca e puxaram a vítima pela cabeça, arrastando o corpo por cerca de 50 metros. O pai chegou a tempo de ver o filho sendo arrastado, mas não conseguiu fazer nada.

Ontem pela manhã, ele contou que estava sem qualquer tipo de arma de fogo, carregando apenas um facão, e que quando tentava se aproximar, os animais ameaçavam atacá-lo também. Seus gritos de desespero atraíram outros pescadores que estavam acampados na região, e juntos conseguiram fazer os animais largar o corpo, mas o rapaz já estava morto.

As onças dilaceraram o corpo do pescador. Comeram suas bochechas e nuca. A cabeça ficou totalmente dilacerada, mas o corpo também apresentava marcas das garras, principalmente nas pernas e costas. Os animais ainda morderam sua nuca e as bochechas.

O pai contou que não consegue esquecer a cena e não para de lamentar por não ter conseguido salvar o filho. Fica repetindo que se fosse um único animal, talvez ele tivesse conseguido lutar.

Ele relatou que esse não foi o único ataque de onças naquela região e que outros pescadores já foram atacados. Segundo Alonso, os animais estão famintos porque não há mais comida farta na região, como jacarés e capivaras, enquanto a população de onças está crescendo.

A reportagem tentou contato com o Ibama para obter mais informações sobre o número estimado de onças na região do pantanal mas não conseguiu. O pescador diz que o número de ataques vem crescendo nos últimos três anos.

A família não autorizou imagens do corpo da vítima, cuja necropsia foi feita na manhã de ontem no Instituto Médico Legal de Cáceres. O corpo foi resgatado do local do ataque pelos próprios pescadores e transportado, com autorização policial, pelo barco de turismo Babilônia.

Da reserva, ele foi levado para a sede da fazenda Jatobá, e de lá, transportado para o IML por um veículo do Ibama, utilizado na fiscalização da reserva ecológica.

O corpo foi liberado na tarde de ontem e velado no Jardim Vila Nova, sendo sepultado no final da tarde.
Fonte:
RPPN RIO DAS LONTRAS
Diário de Cuiabá

domingo, 3 de agosto de 2008

Formigas saúvas explicam teoria sobre a Amazônia

A diversidade de espécies que proliferou a floresta Amazônica "viaja" em troncos pelos rios e até pelo oceano. Saíram de vários núcleos de vegetação, principalmente da exuberante Mata Atlâncica quando começou a ser devastada. A teoria é defendida pelo biólogo Paulo Vanzolini e mostra como as saúvas chegaram até a Amazônia, superando os quase intransponíveis rios da região.

Formiga "salva" teoria sobre a Amazônia


Saúva rainha ao lado de algumas operárias em uma colônia


Uma hipótese controvertida para explicar por que a Amazônia tem tanta biodiversidade acaba de ganhar reforço. A teoria dos refúgios - noção de que a proliferação do número de espécies de animais da floresta surgiu da divisão da região entre áreas com diferentes tipos de vegetação- é defendida pelo biólogo sambista Paulo Vanzolini. Após sofrer inúmeros ataques, a idéia está sacudindo a poeira e dando a volta por cima.
Tudo por causa de um estudo feito com saúvas. Segundo os autores, que publicaram o trabalho na edição de ontem da revista "PLoS One", a grande explosão de diversidade desses insetos ocorreu à revelia da barreira imposta quando os rios amazônicos se formaram. A superdiversificação é recente, e teve mais vigor por volta de 2 milhões de anos atrás.
"É a primeira vez que a teoria dos refúgios é testada para um grupo de invertebrados", diz Maurício Bacci Jr, bioquímico da Unesp (Universidade Estadual Paulista), do campus de Rio Claro. "Na verdade, estamos propondo uma espécie de reconceituação da teoria dos refúgios", diz o pesquisador. Ele assina o estudo com dois brasileiros e dois americanos.
Os cientistas reconstruíram a história de três espécies de saúva com dados genéticos. Com uma análise estatística das árvores genealógicas dos insetos, foi possível saber qual teoria explica melhor a explosão da biodiversidade das formigas na Amazônia. O método identifica há quanto tempo a troca de genes entre populações de locais diferentes foi interrompida. Isso pode fazer uma espécie se dividir em duas.
"Esse estudo, logo de início, mostrou que as formigas proliferaram pela floresta independentemente da barreira formada pelos rios amazônicos." Isso não foi visto nas viagens do grupo, mas há relatos de que ninhos de formiga navegam pelos rios em troncos, podendo atravessar quilômetros de extensão. "Voando, realmente, as formigas não conseguem", diz Bacci Jr. "Mas isso [a travessia] ocorre até nos oceanos."

A floresta virou mar

Os mesmos testes, entretanto, foram mais adiante. Eles mostraram que, além da teoria dos refúgios, uma outra tese proposta pelos cientistas para explicar a diversidade da floresta também teve um papel relevante no caso das saúvas.
"A invasão marinha [por causa do aumento do nível dos oceanos] é que teria se iniciado o processo de isolamento. Depois surgiram os refúgios", diz o bioquímico. Esse processo de entrada de água salgada sobre a planície amazônica ocorreu há cerca de 15 milhões de anos -antes, portanto, da formação do rio Amazonas, há 12 milhões de anos, como diz a pesquisa. Com a água entrando, áreas situadas em maior altitude teriam se transformado em ilhas de um "mar" amazônico.
Segundo o novo estudo, as espécies de formiga se diversificaram depois disso, entre 14 milhões de anos atrás e 8 milhões de anos atrás.
A partir desse cenário é que a região Amazônica passou a ser, mais recentemente, um verdadeiro centro de origem de novas espécies de formigas.

Migração

"Mas elas não surgiram diretamente na Amazônia", diz Bacci Jr. Segundo o pesquisador, há evidências de que as formigas deixaram a mata atlântica -antes de ser desmatada ela era mais extensa e exuberante- e, só depois, migraram do litoral para o norte do país.
As saúvas, hoje, estão presente em praticamente todos os países da América do Sul. "Elas só não chegaram ao Chile. As formigas conseguem atravessar os rios, mas subir os Andes é um pouco mais difícil."
Com menos barreiras no resto das Américas, as saúvas já conseguiram migrar até o sul dos Estados Unidos.

Fonte: Folha de São Paulo
Foto: Reuters